O apresentador e humorista Marcos Mion se pronunciou nesta quarta-feira (5) sobre a condenação de Leo Lins a oito anos e três meses de prisão por conta de uma piada feita em um show de stand-up. Em suas redes sociais, Mion classificou a decisão da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo como um "ultraje" e defendeu a liberdade de expressão no humor, mesmo que discorde profundamente do estilo adotado por Lins.
“Leo Lins é um excelente humorista. Ele começou na TV sendo redator do meu antigo programa, Legendários, e eu adorava seus textos, suas ideias. Ele escrevia bases muito boas para as minhas análises de programas e novelas”, relembrou Mion, ao destacar a genialidade do colega de profissão.
No entanto, o atual contratado da Globo deixou claro que não concorda com o caminho escolhido por Lins. “Dentro da sua enorme capacidade e genialidade ele optou pelo caminho do humor ofensivo, do escárnio, do choque e da absoluta falta de respeito”, afirmou.
“Não gosto e não respeito esse tipo de humor”
Pai de Romeo, um adolescente autista, Mion já teve embates públicos com Leo Lins por conta de piadas feitas pelo humorista sobre o espectro autista. Ainda assim, ele reiterou que a resposta judicial não deve ser a prisão.
“É uma escolha do humorista optar em infringir dor em minorias, espalhar o mal… fazer mal para os objetos dos seus textos. E tudo bem. Quem não quer ser impactado não vai ao show, não assiste ao conteúdo. Está no jogo”, ponderou.
Mion fez questão de diferenciar repulsa e repúdio à fala de Lins de uma condenação penal. “Eu estou do lado que condenação criminal em cima de humor é um ultraje. É um absurdo. Você pode processar o Léo, alguém um dia vai ceder à vontade de dar um soco na boca dele, mas condená-lo à prisão por uma ‘piada’ não faz nenhum sentido”, concluiu.
Humoristas seguem reagindo à condenação
A fala de Mion se soma à de outros nomes do humor nacional que têm se manifestado contra a decisão judicial. Embora muitos repudiem o conteúdo das piadas de Leo Lins, há um consenso crescente sobre os riscos que a criminalização do humor pode trazer à liberdade de expressão e à arte do stand-up, conhecida justamente por transitar entre os limites do aceitável.
Leo Lins foi condenado por injúria e incitação à discriminação, após a divulgação de trechos de um show em que faz piadas com pessoas com deficiência. A defesa do humorista ainda pode recorrer da decisão.
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