Carolina Matta
O Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP) abriu um inquérito para apurar denúncias de supostas irregularidades nas condições de trabalho na Cacau Show. As reclamações foram encaminhadas em 16 de maio pela Associação União de Franqueados e envolvem relatos de funcionários e ex-funcionários da fábrica da empresa e do resort Bendito Cacao, localizado em Campos do Jordão (SP). A investigação ainda está em fase preliminar, sem ação judicial instaurada.
Entre as denúncias estão alegações de jornadas excessivas, pressão para participação em rituais internos, assédio moral, homofobia e condições de trabalho insalubres. A procuradora Patricia Mauad Patruni Isotton, responsável pelo caso na unidade de Itapevi (Região Metropolitana de São Paulo), informou por e-mail que uma audiência está prevista para as próximas semanas.
O MPT também recebeu exemplares da trilogia “A Doce Amargura”, escrita por Nára Alvim ionoto sob o pseudônimo Helena do Prado, com depoimentos de ex-franqueados que relatam abusos e irregularidades no modelo de franquias.
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, franqueados e ex-franqueados também relatam cobranças consideradas abusivas, multas sem justificativas claras, ameaças por parte de consultores e um ambiente que exaltaria a figura do fundador e CEO da empresa, Alexandre Costa.
Resposta da Cacau Show
Em nota oficial, a Cacau Show afirmou estar comprometida em “ouvir e resolver qualquer ponto relatado por franqueados, colaboradores, parceiros e consumidores”. A empresa também destacou a existência de um canal de denúncias independente, com garantia de anonimato e apuração rigorosa dos relatos. Afirmou ainda manter o compromisso com um ambiente ético, transparente e inclusivo.
Na segunda-feira (2), a empresa enviou um comunicado a franqueados e vendedores, no qual declarou que “os conteúdos divulgados não representam quem somos”. Alexandre Costa também se pronunciou, afirmando que a Cacau Show “rejeita veementemente qualquer acusação que vá contra os valores que sempre nortearam sua história”.
No mesmo dia, Nára Alvim ionoto, autora da trilogia e ex-franqueada, foi informada pela empresa sobre a rescisão do contrato de sua loja em Rancharia (SP). Segundo a Cacau Show, a tentativa de venda do ponto não foi concretizada, o que levou ao encerramento da relação contratual e ao fechamento da unidade.
Sobre a empresa
Fundada em 1988, a Cacau Show possui atualmente 4.661 lojas espalhadas pelo Brasil — 4.287 delas franquias e 374 unidades próprias. O grupo também conta com hotéis e um parque temático. Em 2023, a empresa produziu até 30 mil toneladas de chocolate e teve um faturamento de R$ 5,3 bilhões. Atualmente, a rede conta com mais de 81,5 mil revendedores.
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