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Ex-comandante do Exército não confirma Filipe Martins em reunião de suposto golpe

A prisão de Martins ocorreu em fevereiro de 2023, quando foi acusado de sair do país com Jair Bolsonaro.

O general Freire Gomes, que comandou o Exército durante o governo Bolsonaro, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nessa segunda-feira, 19, que não reconheceu o ex-assessor da Presidência Filipe Martins na reunião de 7 de dezembro de 2022, quando teria sido apresentada uma minuta com sugestões de medidas de exceção. Segundo Freire, havia um assessor desconhecido no encontro, que apenas apresentou um documento e se retirou. A fala contrasta com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa Martins de ter participado ativamente da reunião e contribuído com a elaboração da suposta tentativa de golpe.

Durante a oitiva, o general relatou que o então presidente Jair Bolsonaro apresentou aos comandantes das Forças Armadas um documento com propostas que incluíam Estado de Defesa, Estado de Sítio e Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas frisou que, naquele momento, o conteúdo foi tratado apenas como uma informação. Freire também negou a presença do brigadeiro Baptista Junior no encontro. O militar destacou que o assessor que levou o memorando não era conhecido por ele e que não teve participação ativa na discussão.

Foto: Arthur Max/MREFilipe Martins, ex-assessor especial da Presidência da República
Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência da República

A denúncia da PGR se baseia na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e em investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF). Segundo o material reunido, Filipe Martins teria auxiliado Bolsonaro na apresentação do documento que ficou conhecido como a “minuta do golpe”. A investigação aponta que a reunião de 7 de dezembro teria sido decisiva para pressionar os comandantes militares sobre uma possível ruptura institucional.

A prisão de Martins ocorreu em fevereiro de 2023, quando foi acusado de integrar a comitiva que teria acompanhado Bolsonaro a Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A Polícia Federal considerou a viagem parte de uma estratégia golpista. No entanto, a defesa do ex-assessor apresentou diversas provas que contradizem essa versão, incluindo registros de corrida por aplicativo e bilhetes aéreos que mostram sua presença no Paraná na data em questão.

Documentos obtidos pela imprensa indicam que Filipe Martins não entrou nos Estados Unidos, fato confirmado inclusive pelas autoridades norte-americanas. Apesar disso, o ex-assessor permaneceu preso por seis meses. A defesa sustenta que houve uma série de equívocos na apuração dos fatos e que Martins não teve qualquer envolvimento na articulação de medidas para subverter a ordem democrática.

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