Além do bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento, o pacote fiscal mais recente do Governo Lula (PT), lançado no fim de maio, incluiu o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida reacendeu críticas à política fiscal da atual gestão e à crescente carga de impostos sobre a população.
Desde o início do atual mandato, em janeiro de 2023, o Governo Lula já anunciou 24 medidas de criação ou aumento de tributos — o equivalente a uma nova medida a cada 37 dias, em média.
Embora algumas ações tenham sido revertidas ou ainda estejam em tramitação no Congresso, a maioria já está em vigor, contribuindo para que a carga tributária brasileira atingisse seu maior patamar histórico.
Medidas anunciadas desde janeiro de 2023
- Reversão de cortes em PIS/Cofins para grandes empresas
Entrou em vigor logo no segundo dia de governo, revertendo redução decretada por Mourão no fim do Governo Bolsonaro.
- Volta de tributos sobre gasolina e etanol
Suspensos em 2022, PIS, Cofins e Cide voltaram a incidir a partir de março de 2023.
- Imposto temporário sobre exportação de petróleo (9,2%)
Valido entre março e junho de 2023.
- ICMS fora da base de cálculo do crédito de PIS/Cofins
Reduziu o crédito das empresas, elevando a tributação indireta.
- Taxação de apostas esportivas (bets)
Aprovada em julho de 2023, com alíquota de 12% para empresas e 15% sobre prêmios.
- Fim da isenção para importações de até US$ 50
Criado o programa Remessa Conforme, mantendo isenção para empresas cadastradas; as demais pagam 60%.
- Alta no IPI para armas e munições
Desde janeiro de 2024, armas aram a pagar 55% e munições, 25%.
- Imposto maior para painéis solares importados
Subiu de 6% para 10,8% em 2024.
- Tributação sobre carros elétricos importados
Impostos retornam gradualmente até 2026, atingindo 35%.
- IRPJ e CSLL sobre benefícios fiscais estaduais
aram a incidir sobre incentivos via ICMS usados para custeio.
- Limites ao uso de Juros sobre Capital Próprio (J)
Reduz margem para empresas distribuírem lucros com benefício fiscal.
- Come-cotas para fundos exclusivos
Tributação periódica de 15% ou 20% conforme o prazo do fundo.
- Tributação de offshores
Lucros de aplicações no exterior aram a ser taxados anualmente em 15%, mesmo sem repatriação.
- Volta do PIS/Cofins sobre diesel e biodiesel
Desde janeiro de 2024, aumento de R$ 0,33 por litro de diesel B.
- Imposto de importação para compras até US$ 50
Criado em agosto de 2024, com alíquota de 20% + ICMS.
- Retorno do DPVAT (SPVAT) e revogação posterior
Aprovado em maio de 2024, mas retirado após pressão no Congresso.
- IVA estimado em 28% (com teto de 26,5%)
Lei aprovada em 2025 criou o imposto mais alto do mundo sobre o consumo, com revisão prevista apenas para 2033.
- Criação do "imposto do pecado" (Imposto Seletivo)
Entrará em vigor em 2027, sobre itens como bebidas alcoólicas, cigarros, carros, embarcações e apostas.
- Proposta de imposto sobre altas rendas e dividendos
Em debate no Congresso, prevê alíquota progressiva de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês.
- Imposto mínimo global de 15% para multinacionais
Aprovado em dezembro de 2024, atinge empresas com receita acima de 750 milhões de euros.
- Alta no imposto de importação sobre aço e ferro
Desde maio de 2024, produtos que excedem cotas pagam 25%.
- Reoneração da folha de pagamento
Medida que atinge setores e municípios, escalonada até 2028. Municípios menores terão alíquota reduzida.
- Fim do Perse
Encerrado em março de 2025 após esgotamento do teto de R$ 15 bilhões em benefícios fiscais ao setor de eventos.
- Aumento do IOF
Anunciado em maio de 2025, eleva alíquota para operações de seguros e câmbio. Após reação negativa, parte da medida foi revogada.
Estados também aumentaram tributos
Além das ações do Governo Federal, diversos estados elevaram alíquotas do ICMS — incluindo sobre combustíveis. A reforma tributária ainda autorizou os estados a cobrar IPVA sobre aeronaves e embarcações, e reformulou o ITCMD (imposto sobre heranças e doações), que poderá ser progressivo e incidir sobre não residentes.
Especialistas apontam riscos
O presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike, reconhece o esforço do governo em tornar o sistema mais progressivo, mas alerta para a permanência de uma carga excessiva sobre o consumo.
Para o advogado tributarista Luís Garcia, os aumentos têm caráter emergencial e geram insegurança jurídica: "Essa instabilidade afasta investimentos e pode comprometer a arrecadação futura, criando um ciclo vicioso preocupante."
Big techs na mira
O governo também pretende taxar grandes empresas de tecnologia — como Google, Meta, Apple e Amazon. A proposta vem sendo estudada desde 2023, mas ainda não foi oficializada.
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